Um Framework para Estratégias de Inovação
Na semana que passou tivemos a oportunidade de fazer uma breve resenha do livro “Creative Construction”, cuja tese principal é explorar como líderes tanto de empresas emergentes (startups) quanto empresas estabelecidas podem desenvolver estratégias, projetar sistemas, e construir culturas necessárias para o desempenho de inovação sustentável.
Segundo o Prof. Gary P. Pisano, autor do livro, a tarefa de sustentar e rejuvenescer as capacidades de inovação existentes numa organização — o que ele chama de “Creative Construction” — é mais difícil do que construir uma iniciativa de inovação “from the scratch” (do zero). Para ele, enquanto o empreendedorismo é como “construir uma nova casa”, a “construção criativa” é semelhante a renovar uma casa enquanto nela se vive!
Ao dar explicações sobre as razões pelas quais muitas iniciativas de inovação fracassam, o Prof. Pisano defende que construir uma capacidade de inovar envolve a superação de uma série de obstáculos específicos, mas que para tal construção se faz necessário antes o estabelecimento de uma estratégia de inovação. Uma estratégia de inovação especifica como a empresa intenciona usar a inovação para criar, capturar e distribuir valor, bem como clarifica as prioridades entre diferentes tipos de oportunidades de inovação.
Uma boa estratégia de inovação serve a dois propósitos críticos: a) primeiramente, ajuda a clarificar os trade-offs (*)que a empresa está desejando enfrentar entre a “short-term exploitation” (exploração/uso de curto prazo) dos mercados existentes e a “long-term exploration” (exploração/investigação de longo prazo) de novas oportunidades; e, b) uma boa estratégia de inovação ajuda a alinhar as diversas partes de uma organização em torno de práticas comuns.
E para começar a “jornada da inovação”, o Prof. Pisano sugere um interessante “framework” (arcabouço) para estratégias de inovação. Esse framework contempla duas dimensões: a) primeiramente, o grau pelo qual a inovação envolve uma significativa mudança na tecnologia; e, b) o grau pelo qual a inovação envolve uma significativa mudança no modelo de negócio. Esse framework representa um “mapeamento da paisagem” das oportunidades de inovação em função do que a empresa enfrenta a partir das duas dimensões apontadas.
Neste sentido, o framework aponta quatro quadrantes de oportunidades de inovação que se apresentam aos tomadores de decisões (Figura 1 à frente):
a) inovação de rotina (incremental), quando a inovação envolve uma mudança na tecnologia que permite alavancar as competências existentes, e ela permite alavancar o modelo de negócio existente;
b) inovação disruptiva, quando a inovação envolve uma mudança na tecnologia que permite alavancar as competências existentes, mas ela requer um novo modelo de negócio;
c) inovação arquitetural, quando a inovação envolve uma mudança na tecnologia que requer novas competências, e ela requer um novo modelo de negócio; e,
d) inovação radical, quando a inovação envolve uma mudança na tecnologia que requer novas competências, mas ela permite alavancar o modelo de negócio existente.
O Prof. Pisano aponta como melhor alocar os recursos entre os diferentes tipos de oportunidades de inovação, e alguns princípios para o desenho de modelos de negócio e inovação, além de um outro framework para projetar um sistema de inovação para a execução da estratégia definida, e da cultura requerida (que serão objeto de outra oportunidade nesta newsletter)!
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre estratégias de inovação, não hesite em nos contatar!
(*) Sobre os “trade-offs” que a empresa explora (ou seja, suas estratégias de negócios), e sobre como a inovação “quebra” os trade-offs que a empresa enfrenta, ver a newsletter de 27–11–2016)