O Papel Estratégico das TICs

Jose Carlos Cavalcanti
3 min readAug 19, 2019

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Nas newsletters de 04/08/2019 e de 11–08–2019 defendemos que (em contraposição ao que defende o escritor Nicholas Carr) as tecnologias de informação e comunicação — TICs importam, tanto do ponto de vista estratégico quanto do ponto de vista do bem-estar da sociedade. Começamos tal defesa a partir do segundo aspecto, e ficamos de apresentar a dimensão estratégica do argumento.

O argumento de Nicholas Carr é o de que a TI não importa porque ela se tornou ubíqua e é, portanto, uma commodity. Ele observa que o que faz um recurso ser realmente estratégico não é a ubiquidade, mas sim a escassez. Ou seja, se toda empresa tem acesso aos mesmos servidores, armazenamentos, redes, software (ou mesmo clouds, e plataformas), logo, nenhuma empresa pode ganhar um diferencial usando tais recursos. Se isto está certo, então a TI deveria ser o foco de uma disciplinada gestão de custos.

Como bem observado por Joe Weinman, autor dos livros Cloudonomics e Digital Disciplines, tal posição contrasta com aquela de Marc Andreessen, criador do primeiro browser comercial do mundo (Netscape), e hoje um investidor de risco respeitado no Vale do Silício, que escreveu um famoso artigo para o Wall Street Journal intitulado “Why Software is Eating the World”, bem como aquela posição de Mary Meeker (investidora de risco e autora de famoso relatório anual intitulado Internet Trends), de que numerosas indústrias estão sendo “re-imaginadas” através da TI.

Vamos começar nossa defesa recuperando a definição de Estratégia do renomado economista Michael Porter, da Harvard Business School. O Prof. Porter se destaca de outros pensadores porque ele enfatiza a necessidade da estratégia definir e comunicar uma posição única da organização, e afirma que ela deve determinar como recursos organizacionais, habilidades e competências devem ser combinadas para criar vantagem competitiva. Ou seja, ser estratégico é ser único, diferente, entregando algo que os competidores não oferecem.

Ser estratégico é, acima de tudo, criar uma estratégia, colocá-la em execução e, assim, obter sucesso. Até recentemente, criar uma estratégia começava, de alguma forma, com um entendimento do que Michael Treacy e Fred Wiersema denominaram de “Value Disciplines Model” (Modelo de Disciplinas de Valor), em seu livro “Discipline of Market Leaders”. Segundo aquele modelo, empresas de sucesso se diferenciavam em uma das três maneiras a seguir:

1- Intimidade com o Consumidor: ganhando dinheiro ao forjar relacionamentos profundos com o consumidor;

2- Excelência Operacional: provendo razoável qualidade a baixo custo;

3- Liderança de Produto: focando no futuro e sendo hábil em prever e criar demanda do consumidor.

No entanto, a TI daquela “Era” envolvia largamente sistemas empresariais. Como nos aponta Joe Weinman, a web estava na sua infância e dados móveis não existiam. Hoje, nós adentramos uma Era onde uma criança de três anos de idade brinca com smartphones e tablets mais poderosos do que os supercomputadores daquela época. Hoje, a Internet permeia nossas vidas, com massivos aumentos em banda larga que criam novos serviços, tais como streaming de vídeos e redes sociais móveis. Sensores podem detectar batidas do coração e tremores, GPS podem rastrear veículos, a cloud pode aplicar sofisticados algoritmos para enormes conjuntos de dados não somente numéricos, mas voz, vídeos e imagens.

Logo, podemos afirmar que na Era da Transformação Digital, aquelas disciplinas de valor não são mais suficientes. E usando (e aprimorando) das contribuições de Joe Weinman (em seu livro Digital Disciplines), podemos afirmar que para ter sucesso nos dias atuais as empresas devem se diferenciar estrategicamente enderençando quatro “disciplinas digitais” não somente para consumidores, mas para os seus extensíveis ecossistemas e plataformasque criam valor em rede. As disciplinas digitais são:

- Excelência Informacional (e Analítica);

- Liderança de Portfólio de Soluções;

- Intimidade Coletiva, e Contínua; e

- Inovação Arquitetada, e Acelerada.

Em resumo, hoje, mais do que nunca, para obterem sucesso as empresas, organizações e instituições necessitam fazer uso de novas soluções, novos modelos de negócios, novas formas de lidar com os consumidores, fornecedores, parceiros e colaboradores, e nada mais estratégico do fazer isso usando as novas TICs, que evoluem de forma intensiva a cada dia que passa!

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre o papel estratégico da TI, ou das TICs, não hesite em nos contatar!

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