IT Does Matter! (A TI Importa Sim) (2)

Jose Carlos Cavalcanti
4 min readAug 12, 2019

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Na newsletter da semana passada começamos a defender o argumento de que a “TI Importa Sim” (IT Does Matter) (em contraposição ao que defende o escritor Nicholas Carr), tanto do ponto de vista estratégico quanto do ponto de vista do bem-estar da sociedade. Começamos tal defesa a partir do segundo aspecto, e ficamos de apresentar, num brevíssimo relato, um framework que mede os serviços digitais que estão surgindo na esteira das inovações na entrega de conteúdo para consumidores.

Ao considerarem que os “free goods” são serviços de capital gerados por estoques de bens de TI digitais de consumidores conectados, David Byrne e Carol Corrado (economistas do Banco Central dos EUA), apontaram que o fluxo de tais serviços aumenta a medida existente de consumo pessoal no PIB. Ou seja, a contabilidade dessas inovações na entrega de conteúdo aos consumidores importa; em resumo, a TI importa para o PIB!

Os autores partiram da premissa de que capturar o impacto de inovações na entrega de conteúdo ao consumidor nas medidas convencionais de bem-estar, como o PIB, apresenta significativos desafios. Isto requer um novo enfoque porque a manifestação dessas inovações no bem-estar do consumidor (exemplo, o tempo gasto consumindo conteúdo de alta qualidade via dispositivos de TI em rede) não envolve uma transação de mercado na hora do consumo, o que os coletores/estimadores de preço (pesquisadores do IBGE, por exemplo) observam para pegar novos bens à medida que eles surgem.

A Figura 1 à frente mostra que inovações na entrega de conteúdo ao consumidor têm sido crescentes desde a virada do século, sugerindo que seus impactos podem estar sendo perdidos no PIB existente; como mostram os autores, tais inovações estão agrupadas em meados do ano 2000 quando a desaceleração na tendência de crescimento do PIB (americano) emergiu. Daí os autores se perguntam: será que a substituição de “free-goods” (produtos gratuitos) não-contabilizados por seus contra-partes (comprados) é um culpado desta tão discutida desaceleração?

O trabalho adaptou um enfoque não tão novo (de capitalização de bens digitais do consumidor) para endereçar esta questão, mas o enfoque padrão foi aumentado com uma contabilidade de como dispositivos de TI e serviços de acesso às redes por assinatura são usados e consumidos.

Para entender porque uma versão ajustada de um velho enfoque é tanto (a) necessária e (b) como apta para a tarefa de capturar inovações do século 21, considerou-se primeiramente que são os dispositivos possuídos pelos consumidores com avançada tecnologia de processamento — computadores, smartphones poderosos, smart TVs, e consoles de vídeo game — que possibilitam o consumo de conteúdo de alta qualidade em muitos lares (e em outros lugares), e esses serviços atualmente são não-contabilizados nas contas nacionais.

Considerou-se em seguida que o espalhamento de banda larga desde o ano 2000, e a emergência da mídia social desde 2004, sugerem que o uso de serviços que capacitam a entrega de conteúdo ao consumidor tem crescido dramaticamente (ver Figura 2 à frente). O crescimento do uso de serviços em rede implica maior volume de consumo (para um dado número de assinaturas) porque os custos de assinatura não dependem totalmente das taxas de uso. Dito tudo isso, os autores traduzem o problema de capturar as inovações da Figura 1 em uma questão de medida compreensiva de (a) serviços ao consumidor derivados do uso de dispositivos de TI e (b) volumes de serviços de rede ao consumidor em termos de qualidade constante. Logo, (a) envolve uma imputação para o PIB pelos serviços não contabilizados, e (b) envolve a criação de um novo índice de preço para serviços pagos.

As estimativas dos autores implicam em que contabilizar as inovações de entrega de conteúdo ao consumidor importa sim: as inovações aumentaram o excedente do consumidor de perto de US$ 1,800 (dólares de 2017) por usuário conectado por ano pelo período completo do estudo (1987 a 2017), e contribui mais que ½ ponto percentual para o crescimento do PIB real dos EUA durante os últimos dez anos. Em resumo, a completa contabilização das inovações está (conservadoramente) estimada em ter moderado a desaceleração do crescimento do PIB dos EUA em algo como perto de 0.3 pontos percentuais por ano!

Como queríamos demonstrar, a TI realmente importa para o bem-estar da sociedade, como vimos aqui a partir da economia que mais desenvolve TI no mundo! Resta-nos mostrar sua importância estratégica. Mas isto fica para outra oportunidade!

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre o impacto da TI, não hesite em nos contatar!

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