Designing (Projetando) um Sistema de Inovação na Sua Organização

Jose Carlos Cavalcanti
3 min readMar 11, 2019

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Nas duas últimas newsletters comentamos sobre as razões pelas quais a maioria das iniciativas de inovação fracassa, e sobre umframework para estratégias de inovação, temas competentemente tratados no livro “Creative Construction”. Como a capacidade de uma organização para inovar está enraizada em um sistema de escolhas e práticas sobre pessoas, processos, estruturas e comportamentos, logo, construir capacidades apropriadas para inovar é o problema principal dos projetos de sistemas de inovação.

Segundo o Prof. Gary P. Pisano, autor do livro Creative Construction, sistemas de inovação necessitam desempenhar três tarefas básicas (que nós denominamos aqui de “The 3 Ss Model”):

  1. (S)earch (Sondagem) de problemas e soluções novos e de valor;
  2. (S)ythesis (Síntese) dos diversos fluxos de ideias em um conceito coerente de negócio; e,
  3. (S)election (Seleção) entre as oportunidades.

Inovar “fora das quatro paredes” requer uma organização que esteja desejosa de, e que seja capaz de, “Searching” (sondar, procurar) em um terreno novo e desconhecido. O problema é que muitos líderes-sênior não estão realmente conscientes de como suas organizações podem “search” por ideias de inovação. Eles não projetam seus processos de busca para expor deliberadamente a organização a ideias que possam vir a ser transformadoras.

Inovação não necessariamente é sobre criar algo novo “do zero”. Muito frequentemente inovação envolve combinar ideias existentes e componentes existentes em novas formas. Gerar inovações transformadoras requer que uma organização saiba combinar múltiplas vertentes de ideias aparentemente disparatadas em conceitos coerentes. O Prof. Pisano chama isso de “síntese”.

Síntese é um ato de criar algo novo da integração ou combinação de componentes existentes. Aqui neste espaço nós denominamos esse ato de “economia integradora e recombinante”, quando nos referimos à empresa israelense Mobileye (comprada pela Intel por US$ 15,3 bilhões) e à empresa pernambucana In Loco (ver newsletter de 14–05–2017).

O último dos Ss é o de “Seleção”. Prof. Pisano trata esta tarefa considerando os ambientes de incerteza e de ambiguidade, e a define como a “Arte e a Ciência de Selecionar Projetos”. O primeiro problema é a incerteza: ninguém sabe a priori o que vai ser achado. A ambiguidade, segundo problema, difere da incerteza (ao redor da ausência de informação sobre parâmetros conhecidos do futuro), já que ela representa a falta de conhecimento sobre os próprios parâmetros. Tanto os níveis de incerteza quanto de ambiguidade variam com o tipo de inovação em questão.

Apesar desses problemas, julgamentos sobre projetos de inovação têm que ser feitos. Mas para tornar o processo o mais racional possível, as organizações empregam várias ferramentas e técnicas analíticas. No mundo da inovação, aponta o Prof. Pisano, nenhum conjunto de técnicas de gestão é mais maligno do que o da análise financeira.

O propósito geral da análise financeira é ajudar as organizações a implementar o princípio básico da alocação de recursos escassos para o seu mais valioso uso. A este respeito, a motivação básica por trás da análise financeira é difícil de se argumentar contra. No entanto, como aponta o Prof. Pisano, as inerentes incerteza e ambiguidade dos projetos de inovação complicam o uso dessas técnicas.

Diante disso, o Prof. Pisano sugere que há alguns princípios que podem ajudar as organizações a terem melhores julgamentos sobre tomadas de decisões em contextos altamente incertos e ambíguos. Os princípios são:

  1. Considerar o processo de seleção como um “processo de aprendizado”;
  2. Construir propostas em torno de hipóteses trabalháveis;
  3. Usar analítica para guiar questões, mais do que oferecer respostas;
  4. Fomentar um vigoroso debate;
  5. Manter a mente aberta o mais longo possível.

Em resumo, pelo exposto, construir um sistema de inovação é edificar um sistema de “educação para inovação”, e esta lição parece estar ausente na maioria das nossas organizações. Contribuir para isso é o desafio à frente!

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre sistemas de inovação, fique à vontade para nos contatar!

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