Data is the new oil of the digital economy? (Dados são o novo petróleo da economia digital?)

Jose Carlos Cavalcanti
3 min readOct 7, 2019

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Os dados são o novo petróleo? (*). Esta é a pergunta que Yan Carrière e Vikram Haksar, técnicos do Fundo Monetário Internacional — FMI se fazem no documento intitulado “The Economics and Implications of Data- An Integrated Perspective” (A Economia e Implicações dos Dados — Uma Perspectiva Integrada), publicado em setembro deste ano.

Os autores começam a introdução ao trabalho apontando que os dados assumiram um papel crítico com o crescimento da economia digital. Na última década, empresas com dados no centro dos seus modelos de negócios passaram a dominar os rankings das mais valiosas corporações do mundo. A literatura que estuda a economia dos dados varre separadamente aspectos de crescimento, privacidade, competição, inclusão, e estabilidade financeira.

O trabalho aqui resenhado oferece uma revisão analítica que integra estas perspectivas e avalia as implicações dos dados para o crescimento macroeconômico, a equidade, e a estabilidade. Sua contribuição é descrever os principais trade-offs que os policymakers enfrentam à medida que eles projetam frameworks de políticas para uma crescente e complexa economia de dados.

Segundo os autores, a proliferação de dados na economia apresenta uma tremenda oportunidade para impulsionar o crescimento através da eficiência e da inovação. Mas para fazer isso sem comprometer outros objetivos, eles argumentam que os presentes frameworks de políticas devem ser modernizados para lidar com quatro crescentes desafios.

Primeiro, os mercados de dados são opacos e podem levar à coleta de muitos dados e muito pouca privacidade. Direitos e obrigações sobre dados devem ser clarificados para o mercado funcionar eficientemente, e as maneiras como isto será feito impactarão no crescimento e na equidade.

Segundo, os incumbentes têm um incentivo a entesourar dados, potencialmente inibindo a competição e reduzindo os benefícios sociais que poderiam fluir a partir de um acesso mais amplo. Um leque de políticas pode ser empregado para encorajar o compartilhamento de dados que possa promover competição e inovação.

Terceiro, é pouco claro que companhias estejam fazendo o suficiente para proteger os dados que elas detêm, criando riscos à estabilidade que poderia ser mitigada com medidas para assegurar que todos os participantes no mercado investissem adequadamente em cibersegurança.

Finalmente, sem alguma coordenação ao longo dos países, há um risco de que os mercados globais de dados possam se tornar fragmentados, impedindo potencialmente grandes ganhos de atividades de dados transfronteiras, incluindo comércio e finanças.

Além desta introdução, o trabalho está subdividido em mais cinco seções: 2- Contexto e Enquadramento; 3- Os Blocos Construtivos de um Mercado para Dados; 4- Implicações Macroeconômicas da Proliferação de Dados; 5- Frameworks de Políticas de Dados; e, 6- O Caso para um Enfoque Integrado.

Um ponto a destacar neste trabalho é o de que os autores partem de três características econômicas dos dados, as quais criam importantes desafios para políticas públicas: a) Primeiro: os dados são não-rivais (tema trabalho na newsletter de 29–09–2019); b) Segundo: Os dados envolvem externalidades; e, c) Terceiro: os dados são somente parcialmente excludentes. A análise destas três características envolve uma discussão mais ampla do que este espaço oferece, e voltaremos a elas em outra oportunidade!

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre o impacto dos dados na economia digital, não hesite em nos contatar!

(*) A expressão “data is the new oil” é creditada ao matemático Clive Humby, mas ganhou popularidade a partir de um report da revista The Economist de 06/05/2017, intitulado “O recurso mais valioso do mundo não é mais petróleo, mas sim dados”.

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